TEMPO
Início: 09:00H (Abrantes) / 10:29H (Fernandaires -
embarcações na água)
Percurso na Água: 02:38:28H
Tempo Total Actividade: 08:00H (17:00H chegada a
Abrantes)
DS
RIO
ZÊZERE
(Barragem do Castelo de Bode) – Ribeira da Isna
10,94 Km (medição: garmin forerunner 305
- GPS), i.v.
DESCRIÇÃO:
Fernandaires,
uma pitoresca aldeia do concelho de Vila de Rei, foi o ponto de partida
para mais uma actividade do grupo. Alguns tinham saudades do local de
outras aventuras já e especialmente para mim este local diz-me muito,
pois gostava de vir apara cá remar com o Fausto, aquele que foi o meu
grande companheiro de muitos anos não só meu, mas também da Francisca e
de outros, mas que pela infalível lei da vida já nos deixou. Aqui a paz,
o sossego são reis e pode-se treinar, arranjar concentração suficiente
para que as “coisas” rendam ao máximo. Lancei o mote e este foi aceite.
Três dias antes, mais propriamente na terça-feira,
convidei o Lino para fazer um reconhecimento de toda a zona. Há algum
tempo que não vou para estas bandas e há sempre pequenos pormenores que
nos podem escapar já que as coisas na natureza não são imutáveis e a
actividade humana, também essa não pára muitas vezes com os aspectos
negativos que todos sabemos. Há sempre uma árvore que cai, há sempre um
acesso que é renovado ou que deixa de existir. Sendo assim partimos logo
de manhã cedo começámos o reconhecimento terrestre. Abordámos a zona
pela Zaboeira, pequena aldeia que fica também na margem da albufeira de
Castelo do Bode, local onde pensava almoçarmos no final de tudo.
Seguimos pela estreita estrada “militar” que circunda a barragem,
passando pelo cruzamento de Alcamim e pelo da Seada. Perto deste
cruzamento paramos e vamos ver a “vista” para a barragem, simplesmente
espectacular a paisagem que se desenrola a nossos olhos. Água, restos de
nevoeiro que ainda perdura nesta manhã meia fria de Novembro e um verde
de árvores que encanta qualquer mente. Poucos quilómetros mais à frente
vamos dar a Fernandaires e vemos as condições de acesso que são muito
boas. Dali avançamos agora para Palhais passando por Vilar do Ruivo a
fim de irmos ao final do percurso que nos iremos propor a percorrer no
sábado. Depois de Vilar do Ruivo, atravessamos a ribeira da Isna
na Ponte de Palhais e vamos até ao Trísio dando a volta completa pelo
Centro Náutico do Zêzere, regressando depois para parar o carro e ir a
pé até ao local onde a ribeira da Isna desemboca na Albufeira do Castelo
de Bode... um caminho antigo de carro de bois e em terra batida, cerca
de 2 km para cada lado. Ao chegarmos logo antevemos que no sábado não
poderíamos de maneira alguma chegar de barco a este local. Devido a uma
curva na ribeira não conseguíamos ver até aonde chegava a água da
barragem, no sábado logo se veria.
… sábado 1 Novembro 2012, pelas 09:00H fazemos o
ponto de encontro em Abrantes. Logo à partida sabíamos que havia 2 ou
três desistentes, mas o resto do grupo estava motivado, apesar de o dia
prometer chuva. Chuva essa que nos acompanhou fortemente até Vila de Rei,
onde começaram a ser apenas uns aguaceiros espaçados embora por uma ou
duas vezes a tornarem-se um pouco mais fortes. No cruzamento da Fundada
(Vila de Rei / Sertã), viramos para Vilar do Ruivo, chegando a
Fernandaires ainda bastante cedo. A manhã estava espectacular, as “cores
da chuva” nestes momentos deixam-me algo ansioso e cheio de “genica”,
sempre com as ideias a fervilhar de “imaginação”. Estacionamos as
viaturas e começamos a preparar o “material”. Pelo meio ouvem-se “piropos”,
mas a moral está alta. Alguns de nós é a primeira vez que remamos juntos
e um pouco antes de começarmos a remar "espiolhamos" os kayaks de uns e
de outros.
Todos kayaks de mar, um Oceano, 3 Big Sea I e dois
Tsunami K1, com respectivos saiotes de neoperene. A Frota está pronta e
lá partimos em direcção ao final do braço da Ribeira da Isna, i.e.,
remaríamos até onde desse o nível da água. O objectivo como disse atrás
era chegar mesmo à Ponte da Atalaia, mas isso parecia-me se difícil.
Logo à partida as máquinas fotográficas foram testadas nesta paisagem
cheia de verdes e estranhamente transparente. Por vezes ouvia-se um ou
outro comentário de “pasmo” pela beleza e pelo intenso reflexo que a
água fazia uma vez que o vento, esse estava completamente ausente. O
grupo segue agora bastante longo e espaçado, parece que cada um quer
interiorizar o momento, absorver a quietude destas “gargantas”. De
quando em vez um ou outro pássaro cruza o ar e as garças essas mais
calmas esperam que as embarcações cheguem bem de perto para depois e em
voo rasante levantarem voo, não confiando nestes visitantes de ocasião...
As margens estão agora cada vez mais escarpadas e o leito está também
cada vez mais estreito, já se nota ainda que ligeira alguma corrente,
sinal de que a transição da albufeira para a ribeira está perto. De
facto passados pouco mais do que uns 300 a 400 metros na verdade
começamos a sentir a corrente que agora se tornou mais forte e temos que
pagaiar devagar e com muito cuidado por entre as pedras que entretanto
vão aflorando. A maior parte do grupo optou por encostar á margem logo
aqui neste local, eu e o Rui ainda nos aventuramos mais um pouco, mas as
embarcações embora com leme e apesar de tentarmos direccionar também com
as pagaias, tornam-se demasiado grandes para esta corrente. Também
optamos por parar e para isso voltamos para trás um pouco em marcha à ré,
uma vez que já não havia espaço para darmos a volta... uma breve pausa
para descansar, reabastecer de alimento o corpo e explorar a pé mais um
pouco estas “pedras”. Decididamente não iríamos conseguir ir até à ponte,
uma vez que caminhar neste solo era difícil, sendo assim subimos apenas
um pouco o leito apenas para desentorpecer. Nestes momentos, “lúdicos”,
aproveitados à maneira de cada um tiramos ainda umas quantas fotos e
entretemo-nos a presumir alguns restos de construções de pedras: açude,
socalco de agricultura? As pedras estão escorregadias e numa delas dou
um valente “tralho” indo de encontro ao Zé Carlos, mas nada de especial,
fiquei quase todo dentro de água e esta, está bastante fria o que me
solta meia dúzia de “palavrões”. Passado algum tempo encetamos o caminho
de regresso, agora, o pessoal está ainda mais bem-disposto e o Rui
encontrou uma velha sombrinha amarela e a situação teve até direito a
alguma teatralidade que encheu de risos este estreito labirinto do rio.
Agora que já estamos no retorno, cada um está mais afoito e isola-se
por vezes um pouco mais, eu opto por pagaiar na cavaqueira ao pé do
Oceano do Manuel Paulo, a fim de colocarmos a conversa em dia. Dois
pequenos braços se destacam na margem esquerda, no primeiro o Zé
escapuliu-se e nunca mais aparecia e fui lá à sua procura. Quando
cheguei ao pé dele estava parado a observar, como que a meditar, até
me deu pena interrompe-lo. Quando me viu chamou-me e ficámos a
tagarelar um pouco sobre as cores da água e das árvores que neste
outono já “entrado” adoptavam mil e um tons de todas as cores.
Quando regressamos ao grupo, já este estava no outro braço, mais
longo e juntamo-nos a eles, progredindo também até ao final deste.
Daqui até ao local onde as viaturas estavam paradas foi tudo mais
ou menos rápido, o Zé Carlos ainda prolongou mais um pouco a sua
remadela na água continuando um pouco em direcção ao Trísio mas logo
apareceu quando alguns já quase vestidos com roupas quentes
comentavam que aqui por perto existia uma caixa de Geocaching. Cerca
de um bom par de minutos depois lá vamos nós em direcção ao “monte
de pedras” para procurar a respectiva caixa. O Herlander trazia um a
folha com as respectivas coordenadas e o Rui trazia os dados
inseridos no GPS e foi mais ou menos fácil dar com ela, não sem
antes admirarmos a paisagem que deste local é verdadeiramente
espectacular. Foi neste local que demos azo a tudo o que nos ia na
alma neste dia, de alguma chuva mas de temperatura até bastante
agradável,... eram gritos, imitações do Cristo Rei, etc., pena é que
dois elementos do grupo tenham vertigens e não puderam saborear toda
esta adrenalina de perto, ficando um pouco mais longe a ver estes
“...” a saltar que nem cabras por cima das rochas. Já passava das
duas e meia da tarde as barrigas pediam outro sustento que não o da
paisagem e lá fomos em direcção à Zaboeira pa uns maranhos e uns
achigãs grelhados ou fritos. Durante este almoço tardio a conversa
foi intensa e recordaram-se outras actividades, ficando a promessa
de voltarmos e se possível com mais gente.
JLaia
10 Novembro 2012
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